A Ressaca

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O delfonauta sabe que eu não entendo pessoas em geral nem brasileiros em especial. Dessa forma, não faz sentido na minha cabeça The Hangover (em português, “a ressaca”) ter virado Se Beber, Não Case. Muito menos consigo entender como Hot Tub Time Machine (algo como “a banheira máquina do tempo”) virou A Ressaca. Se a ideia era aproximar o filme de algum mais famoso, deveriam ter chamado de algo na linha de De Volta Para a Banheira. Afinal, não tem absolutamente nada de ressaca nesse filme, amigo delfonauta. Nada. NADA!

Corrales se encolhe em posição fetal e chora baixinho, ocasionalmente sussurrando “Nada! Nada!”.

Snif. Enfim… Aqui conhecemos três carinhas adultos e, como todo adulto que se preze, eles estão insatisfeitos com suas vidas. Para esquecer o maldito evil monkey divino, eles resolvem viajar para o mesmo lugar onde passaram seus melhores dias, nos longínquos anos 80, levando o sobrinho de um deles de gaiato.

Pensa que a confusão está armada? Tá nada! Antes de terem chance de fazer qualquer coisa lá, eles entram juntos e pelados numa banheira (What the fuck?) e são transportados para 1986 (What the flying fuck?), exatamente para o ápice de suas vidas. E agora eles têm que se esforçar para não mudar absolutamente nada, sob o risco de ferrar ainda mais suas vidas futuras. Agora sim está armada a confusão!

E “altas confusões” realmente é a melhor forma de descrever este longa. Trata-se de uma comédia do barulho, onde um grupo de pessoas atrapalhadas se mete em altas confusões, tudo regado a muita azaração. E sabe o que mais? É o maior legal! Cenas realmente engraçadas não faltam aqui e eu ri pra caramba.

Além disso, ele rola nos anos 80 e, ei, anos 80 são o maior legal também. Pô, eles têm até chance de ver um show do Poison! E isso quando o Poison era realmente o Poison! Outra banda farofenta que faz uma participação importante, não apenas na trilha sonora, mas inclusive na história, é o Mötley Crüe. Inclusive, preste atenção nos créditos, que rolam junto com um clipe levemente alterado da balada Home Sweet Home.

Claro, por mais que seja divertido, não dá para dizer que é original, pois se trata basicamente de um remake mais grosseiro do sempre sensacional De Volta Para o Futuro. Mesmo a mensagem cuti-cuti que todo mundo deveria ensinar para nossas crianças de “você nunca vai ser realmente feliz se não for financeiramente bem sucedido” está aqui. E não é só isso! Até o Crispin Glover, mais conhecido como George McFly, faz uma pequena participação, com todas as suas cenas girando em torno da mesma (e boa) piada.

Porém, quem se importa com originalidade na Hollywood dos dias de hoje? O que realmente fez o longa perder meio Alfredo foram as piadas mais grosseiras envolvendo fluidos corporais à Todo Mundo em Pânico. Isso sim é imperdoável para qualquer um que queira fazer humor. Felizmente, a maior parte delas está no início e, uma vez que a história engrena, eles dão uma aliviada, com apenas uma ou outra recaída.

Apesar dessas recaídas e do título nada a ver, no entanto, temos aqui um longa divertido e bastante engraçado, que eu recomendo sem medo para qualquer um a fim de dar umas risadas. E existe alguém que não gosta de rir? =]

PS: A estreia desse filme foi adiada para o dia 10 de setembro, mas quando o aviso da distribuidora chegou para nós, era tarde demais para mudarmos a programação da semana.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
a-ressacaPaís: EUA<br> Ano: 2010<br> Gênero: Comédia<br> Duração: 99 minutos<br> Elenco: John Cusack, Clark Duke, Craig Robinson, Rob Corddry, Crispin Glover e Chevy Chase.<br> Diretor: Steve Pink<br> Distribuidor: Imagem<br>