As cinco maiores surpresas do universo Marvel

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No começo de novembro estreou Thor: O Mundo Sombrio, o segundo filme solo do Filho de Odin. Lendo a resenha do Cyrino e conversando com amigos a respeito, não pude deixar de concordar que o fato do Loki ser a parte mais legal, mesmo não sendo nem o herói nem o vilão, foi a grande surpresa positiva do filme.

E de fato, uma das grandes qualidades do Marvel Cinematic Universe, ou para os íntimos, MCU, tem sido esta capacidade de nos surpreender: de pegar ideias e conceitos totalmente batidos dos quadrinhos e refazê-los de modo que ainda pareçam novos e originais na telona, e assim tomar rumos inesperados que não decepcionam.

E terem levado aos cinemas a ideia de um grande universo no qual diversos super heróis coexistem, percorrendo suas lendárias trajetórias e se esbarrando eventualmente para combater ameaças maiores foi realmente uma coisa histórica. Não me lembro de nenhuma franquia ter feito filmes individuais que funcionam tão bem sozinhos e ao mesmo tempo estão tão intrincadamente ligados uns aos outros. Os quadrinhos nunca tinham sido tratados com tanto amor e carinho nos cinemas, e isso com certeza gera uma resposta do público. Respostas estas que também tomam proporções surpreendentes. Cinco momentos em especial me pegaram de surpresa, e são eles que eu listarei aqui hoje. Vamos lá!

5 – AS CENAS PÓS-CRÉDITOS

Colocar uma cena a mais depois que o filme acaba não é novidade. Elas sempre estiveram por aí, normalmente com uma última piadinha ou uma recompensa para quem tem paciência de ficar até o fim. Nos filmes da Pixar, por exemplo, eu sempre esperava para ver se teria erros de gravação depois. Mas as cenas pós-créditos do MCU viraram um fenômeno à parte.

Em Homem de Ferro, ver o Samuel L. Jackson se apresentando como Nick Fury foi tão legal quanto pegar todas as outras referências que o filme trazia: um easter egg, um agradinho para os fãs que já estavam familiarizados com a continuidade dos quadrinhos. Já existia a esperança e a ideia de que esta cena seria realmente um indício de que essa trama mais ampla apareceria nos vindouros filmes, mas ninguém poderia prever a importância que elas teriam, e como influenciariam tantas outras franquias.

É só observar as curiosidades nas nossas resenhas de cinema. Ultimamente, as cenas pós-créditos estão tão comuns que ao invés de contar que existe uma, agora nós te indicamos se vale a pena esperar para vê-la ou não.

Segundo o manda-chuva Kevin Feige, agora na Fase 2 pode ser que as cenas pós-créditos não tragam tantos indícios para abastecer os debates e a especulação como foi na primeira. Pode ser que venha só um bônus simpático, como foi em Homem de Ferro 3.

Mas Thor 2 já provou que ainda deve acontecer. E de qualquer forma, acho que agora já virou tradição. Vai dizer que depois de todos esses filmes, você não dá aquela acenadinha camaradesca para as outras pessoas que continuam sentadas no cinema quando as letrinhas começam a subir? 😛

4 – O MANDARIM

Se você está lendo este texto, acho muito difícil que ainda não tenha assistido a Homem de Ferro 3, mas se for o caso, pule imediatamente para o próximo item, porque aqui falarei de um plot twist que merece ser experienciado sem Spoilers.

Se você viu, provavelmente concorda que foi um tapa na cara do espectador, certo? Na verdade já soava suspeito terem contratado Ben Kingsley para o papel de um personagem originalmente asiático, e também parecia que o filme estava tendo vilões demais no elenco, mas eu confesso que não estava esperando o que eles fizeram.

Alguns podem argumentar que nos quadrinhos o Mandarim é extremamente tremendão com seus Dez Anéis do Poder e que transformá-lo num patético ator usado pelo Killian para distrair o mundo de suas maquinações foi um desperdício enorme e deixou passar a oportunidade de introduzi-lo de verdade no MCU. Por outro lado, foi uma decisão incrivelmente corajosa, que rendeu um comentário político bastante relevante e evitou usar alguns estereótipos bem racistas, o que também é bom. Se foi ou não foi legal, isso é questão de opinião, mas que foi surpreendente, isso foi. Para mim, só o impacto da surpresa já ajudou a compensar.

3 – NATASHA ROMANOFF, A VIÚVA NEGRA

Já estamos acostumados a ver filmes nerds em que as moças são limitadas à donzela em perigo/interesse amoroso/enfeite de cena. A área dos quadrinhos, em especial, já tem histórico de criar personagens femininas só para serem torturadas e/ou mortas como pretexto para motivar o herói ou desenvolvê-lo emocionalmente. É triste, mas ter uma heroína tratada com a mesma atenção que suas contrapartes masculinas ainda é surpreendente.

E um dos milhares de aspectos que me agradaram em Os Vingadores foi que Joss Whedon escreveu a Viúva Negra com os mesmos parâmetros que tinha desde Buffy, a Caça Vampiros e Firefly. Quero dizer, personagens femininas fortes são até fáceis, mas ela não é só “forte”. Ela também é inteligente e racional, não é privada de ter sentimento e de ser vulnerável, não é sexualizada demais, nem vitimizada, e ainda tem um papel significativo na trama.

As pessoas insistem em descrevê-la como coadjuvante, mas convenhamos: para começar, foi ela quem convenceu o Hulk a entrar no grupo. Foi ela quem brilhantemente interrogou o Loki e descobriu o que ele estava tramando. Quando dá tudo errado, é ela quem traz o Gavião Arqueiro de volta, e é ela quem tem a iniciativa de reunir quem sobrou para ir atrás do vilão. E no fim, quando eles se tocam de que a batalha não vai acabar até que a passagem seja fechada, ela mesma pega uma carona com um Chitauri e descobre como fechar o portal. Todos eles têm sua parcela de glória, e a dela é igualmente grande. Dizer que ela é coadjuvante só porque ela não tem poderes é simplesmente um absurdo.

Na verdade até que a Marvel tem sido justa com suas moças – vide a Pepper, a Peggy Carter, a Lady Sif… – mas elas são todas vinculadas a um protagonista masculino. Com a quantidade de referências e menções sutis feitas ao passado da Natasha e seu relacionamento com o Clint, ela é a personagem perfeita para ter a sua própria história contada, e assim nos dar o filme de heroína que a gente tanto espera.

Enfim, ela acabou sendo uma das personagens mais tremendonas do MCU, e ainda assim, só o que os repórteres perguntam à Scarlett durante as coletivas de imprensa é se ela estava usando lingerie sob o figurino da Viúva ou se precisou fazer dieta para usá-lo. Chato, não?

2 – LOKI

É difícil para mim como fangirl, mas vou tentar não me estender muito.

O Loki não é um personagem tão complexo. Ele é um daqueles antagonistas que são o exato oposto do herói para evidenciar suas características pelo contraste. Adiciona-se uma rivalidade fraternal à Hamlet – ou Rei Leão, se preferir – e voilá, temos motivação mais que suficiente para um bom vilão. Mas já em Thor apareciam os sinais de que a decisão de Kenneth Branagh de chamar o ilustre desconhecido Tom Hiddleston para o papel faria a diferença:

O roteiro e a interpretação dele imprimem uma fragilidade no Loki, que consegue nos compadecer e nos fazer considerar se seus argumentos não têm um fundo de verdade. Afinal, coroar o Thor naquela época seria mesmo um desastre. E o próprio Odin também foi bastante babaca em adotá-lo por razões puramente políticas e ainda assim criá-lo acreditando que poderia reinar. Como já disse o Doctor Who, dar esperanças só para depois tirá-las deixa qualquer um perigoso. Imagine alguém já naturalmente ambicioso e invejoso!

Quando ironicamente o deus das mentiras e trapaças descobre que foi enganado a vida inteira, ele resolve passar realmente para o lado negro da força. Depois de literalmente se jogar no abismo, ele passa um tempo indeterminado em cantos obscuros do Universo, e quando nós o reencontramos, ele está visivelmente corrompido e insano. E aí fica divertido, afinal, quem não curte esses vilões clássicos que são malvados só pelo prazer de serem malvados? Ainda mais quando eles são esmagados repetidamente pelo Hulk!

E agora em Thor 2 (cuidado com SPOILERS) ele voltou com um misto de todas os aspectos legais do personagem: o sarcasmo, as piadinhas e aquele orgulho de ser mau, a relação de amor e ódio com sua família asgardiana, e alguns flashes daquela vulnerabilidade e mágoa iniciais. Aquela cena final foi épica: o que ele disse para o Thor enquanto disfarçado de Odin chegou a ser fofo, mas ao mesmo tempo nós não ficamos sabendo o que aconteceu com o Pai de Todos para permitir aquilo. E além disso, agora ele está na posição perfeita para tramar com seu parceiro cósmico, então muitas possibilidades foram abertas.

Até agora eles estão negando, mas eu me recuso a acreditar que eles não trarão mais o Loki nos próximos filmes. Seria uma grande burrada. Afinal, ele foi o vilão mais interessante e multifacetado do MCU até agora, com uma profundidade que raras vezes a gente viu nos quadrinhos. Foi tão surpreendente que ele agora é tão querido pelos fãs quanto os heróis, senão até mais. E quando o ator também é fanboy, fica tudo ainda mais divertido.

1 – AGENTE PHIL COULSON

I’m Agent Phil Coulson with the Strategic Homeland Intervention, Enforcement and Logistics Division”. Essa foi a fala mais significativa do Agente Coulson em Homem de Ferro, sua estreia no MCU. A introdução da SHIELD é que era a novidade, então a gente mal prestou atenção nele. Mas ele continuou voltando, em Homem de Ferro II, Thor, e nos One Shots, aqueles curtas que vêm nos DVDs de cada filme. E acabou ganhando nossa simpatia como o representante padrão da SHIELD e alívio cômico nas horas vagas.

Em Os Vingadores, ele finalmente ganhou mais tempo de tela, permitindo que a gente conhecesse seu lado fanboy. E aí ele virou um ponto de referência para nós, mortais, entre os monstros, aliens, deuses e humanos superhumanamente tremendões. Logo depois, o impiedoso Whedon veio e o sacrificou de forma humildemente heróica para pôr fim aos conflitos entre os heróis e fazer a coisa pegar no tranco. Segundo os planos iniciais, era isso. O Agente Coulson já teria servido seu propósito.

Mas os fãs não se conformaram de perdê-lo bem quando estavam se afeiçoando, e fizeram uma campanha chamada Coulson Lives. Juntando isso ao novo projeto de levar o MCU para a TV, e agora o Filho de Coul tem uma série para chamar de sua! Sem falar que conseguiu uma participação no novo cartoon do Homem-Aranha e até um lugar nos quadrinhos, fazendo o caminho reverso dos seus super amigos.

Foi um crescimento tão improvável que nem o próprio Clark Gregg, que por sinal é tão nerdão quanto o personagem, imaginava. Mas aí está ele, oficialmente um herói da Marvel, com direito à famosa morte temporária e suas próprias teorias conspiratórias. E agora, rever aquela pontinha em Homem de Ferro tem um significado completamente diferente. Quem diria, não é?

Estes itens também foram inesperados para você? E você lembra de mais alguma surpresa (positiva ou negativa) digna deste Top 5? Manifeste-se nos comentários.