Confissões de uma Garota de Programa

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Sabe quando você acha que vai assistir a um filme e na verdade ele é outro? Tá, eu sei que isso nunca aconteceu com você, mas comigo acontece com alguma frequência. Aliás, aconteceu hoje. Ao sair de casa, eu podia jurar que estava indo assistir a um longa nacional sobre aquela tal de Bruna Surfistinha. Agora, eu nem mais sei se realmente existe um projeto para fazer isso ou se foi uma peça pregada pelas vozes da minha cabeça. E eu não tenho interesse suficiente para pesquisar, ao mesmo tempo que acredito que você não se importa também.

Seja como for, Confissões de uma Garota de Programa não é nem nacional nem sobre a Brunilda. Trata-se de um longa ficcional com jeitão de documentário (embora não seja um mocumentário) que investiga a vida de uma acompanhante de luxo, incluindo as relações afetivas da sua vida pessoal e de seus clientes por ela.

O tema é interessante, mas a realização deixa a desejar. Como é comum na obra de Steven Soderbergh (da série X Homens e Sabe-se Lá quantos Segredos e Che), é tudo um tanto chato demais, parado, com poucas coisas acontecendo e várias delas gratuitas.

Por exemplo, em determinada cena, a prostituta (Sasha Grey) termina seu namoro e, nas cenas seguintes, eles estão juntos. Só depois de vários minutos, mostra novamente a cena dela terminando com o caboclo. E, tirando essa parte, o filme é todo linear. Eu pergunto: por que isso? Serviu apenas para confundir e não acrescentou absolutamente nada. É uma não-linearidade tão gratuita e boba que chega a parecer um erro de montagem. E não duvido que seja mesmo.

Apesar disso, o maior erro mesmo é o final, que é o mais repentino desde Bruxa de Blair. Não espere algo como O Lutador. Esse, embora repentino, não chega a surpreender, pois você percebe que ele está chegando ao fim. No caso de Confissões de Uma Garota de Programa, não dá nem para imaginar que o final está se aproximando. Ele acaba naquela cena como poderia ter acabado em qualquer outra, pois não tem nenhum desfecho. Chega até a assustar.

Tudo caminhava para um filme nada, mas esse final arruinou as poucas qualidades que tinha até então. Dessa forma, este apenas se junta à grossa lista de longas terríveis que estão chegando ao cinema esse ano.

Curiosidades:

– Segundo o IMDB, Sasha Grey é uma atriz pornô de verdade e já fez 167 filmes nos últimos três anos. Infelizmente, nenhum deles foi comigo.

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