Jack: O Caçador de Gigantes

0

O director Bryan Singer já foi um cara legal. Afinal, o primeiro X-Men deu o pontapé inicial nos filmes de super-heróis que a gente curte hoje, e o segundo está entre os melhores longas baseados em gibis. Mas já faz um bom tempo que ele não nos brinda com outros trabalhos legais, e Jack: O Caçador de Gigantes não faz nada para mudar isso.

Este pega carona na onda dos “novos contos de fadas”, mas ao contrário de João e Maria ou O Mágico de Oz, não traz novidades às histórias já conhecidas, apenas reconta a fábula de forma levemente diferente.

Jack (Nicholas Hoult), o João pós-marketing globalizado, vai vender seu cavalo, e acaba levando em troca alguns feijões mágicos. Ao serem acidentalmente plantados, nasce um enorme pé de feijão, que leva a casa do João embora, com a princesa dentro e tudo. O rei, desesperado, manda seus melhores homens para resgatar a donzela, e Jack se oferece para acompanhá-los. Ao chegarem ao topo, encontram os gigantes que protagonizam as lendas do seu povo, e eles não estão contentes.

Jack: O Caçador de Gigantes não poderia ser mais básico. Inclusive se tivessem adaptado fielmente a fábula do João e o Pé de Feijão, acredito que a história pareceria menos batida. O que temos aqui é uma fantasia tão genérica e tão no piloto automático que parece ter saído da pilha de ideias rejeitadas da Pixar.

Saca só: a primeira vez que Jack e a princesa se encontram, ele a salva sem saber que ela é uma nobre. Pouco depois, descobrimos que ela está prestes a se casar com um homem que não ama. Os gigantes, mesmo sendo bichos enormes e barulhentos, costumam aparecer do nada, como se fossem mestres da stealth.

Seria um pecado dizer que Bryan Singer dirigiu o filme no piloto automático, pois a impressão é que todo mundo envolvido no filme estava no piloto automático, não apenas o diretor cantor. O roteiro é bastante batido, a direção vai de invisível a ruim, e o elenco pode causar vergonha alheia, especialmente Ewan McGregor tentando ser engraçado. Para completar, o 3D é totalmente inexistente.

Curiosamente, o filme parece encerrar toda a história e até cria um óbvio gancho para a sequência, mas ele não termina aí. Na meia hora seguinte, acompanhamos o que seria a continuação óbvia, e até respeito eles não terem deixado isso para um novo filme para ganhar mais trocados, mas é estranho ver o longa continuar após ele ter acabado, e isso o deixa longo e cansativo demais, mesmo tendo menos de duas horas.

A única salvação mesmo é o visual bonito, embora também não apresente nada de novo. Bom, a princesa também é bem bonita, caso você esteja precisando de um acompanhamento para um pudim de leite.

Assim, fica difícil recomendar Jack: O Caçador de Gigantes. Apesar de ser a definição de “filme de produtor”, ele poderia até ser divertido, mas infelizmente não foi o caso. Será que Bryan Singer ainda vai nos presentear com bons filmes no futuro? Sacrifico carcajus canadenses para que isso aconteça.