Marvel Ultimate Alliance

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Nos últimos anos, poucos jogos de super-heróis chamaram realmente a atenção no mercado de videogames e computadores. Pegando o gancho no estilão Diablo (o popular RPG Hack ´n´ Slash), mas com gráficos bem legais em 3D, a série X-Men Legends da Activision foi uma grata surpresa tanto para os fãs desses personagens quanto para os jogadores casuais que não estavam muito inteirados nas histórias complexas dos mutantes. Com enredos bem desenvolvidos, parte técnica impecável, boa diversão e uma gama enorme de personagens para escolher, os dois jogos chamaram a atenção e digo sem sombra de dúvidas, que são dois exemplos perfeitos da combinação quadrinhos/games.

A idéia deu tão certo que foi apenas uma questão de tempo para que os clones pipocassem por aí. A rival DC lançou seu (bom) exemplar, Justice League Heroes e a própria Marvel cedeu às tentações megalomaníacas e anunciou o desenvolvimento do jogo que inspira este texto, Marvel Ultimate Alliance, onde não teríamos apenas os Mutantes, mas representantes de todas as séries de sucesso da Casa das Idéias além de diversas mudanças em relação à série anterior.

Como um fã de quadrinhos e de videogame (embora não nerd) e, especialmente, um entusiasta de X-Men Legends, lógico que estava bem ansioso para jogar este novo exemplar e contar minhas impressões para os delfonautas. Infelizmente, não trago boas notícias: Marvel Ultimate Alliance é frustrante e todas as mudanças foram para pior.

Comecemos com a história, bobinha, como tem acontecido com certa freqüência nos gibis da Casa das Idéias. Basicamente, os principais vilões do mundo se associaram em uma comunidade chamada “Masters of Evil” (Mestres do Mal em bom português), liderada por ninguém menos que um dos ídolos do Corrales, o Doutor Destino. Para conter essa união maligna, a S.H.I.E.L.D. do amigão Nick Fury, convoca os maiores heróis da Terra para impedir o caos.

Do lado do bem temos o Homem-Aranha, Wolverine, Capitão América, Tempestade, Thor, Homem-de-Ferro, Motoqueiro Fantasma, Demolidor, Elektra, Quarteto Fantástico, Pantera Negra, Luke Cage entre outros. Já nos vilões, curiosamente e como primeira grande decepção, temos um misto de tremendões e coisas que jamais deveriam dar as caras em um jogo “Best Of” como esse, sem falar que alguns dos bandidões mais queridos também não aparecem aqui. Entre os tremendões, você vai enfrentar o Doutor Destino, Galactus e Mefisto e entre os classe B, temos coisas como Shocker e Rino (peguei esses de exemplo porque você os enfrenta duas vezes ainda por cima). É broxante, mas vilões fundamentais como Magneto, Duende-Verde, Venom, Rei do Crime e o Caveira Vermelha, sequer são mencionados. Onde será que eles estavam? Será que quiseram guardar esses personagens para uma seqüência? É possível.

Como em X-Men Legends, você pode formar equipes de até quatro heróis, com qualquer combinação possível, tirando a primeira fase que é um tutorial e você tem um time fixo. No geral, o importante é combinar personagens fortes com um bom poder de ataque a curta distância com outros que podem disparar projéteis. Montei uma equipe bem eficiente com Homem-Aranha, Capitão América, Homem de Gelo e Wolverine, mas a escolha fica a seu critério. Se você montar combinações clássicas (como o Quarteto Fantástico completo), ganha alguns bônus interessantes de ataque e defesa. É importante manter a mesma escalação até o fim para que os personagens evoluam de maneira homogênea (sim, você ganha experiência e passa de nível aqui também) e dentro do sistema de reputação que o jogo proporciona onde você é recompensado por algumas tarefas se mantém a mesma equipe.

Para recuperar a energia e a barra de especial nos jogos dos Mutantes, você tinha poções azuis e vermelhas. O sistema agora mudou e os inimigos deixam esferas azuis e vermelhas que imediatamente recarregam a energia ou a barra de “mana”, exatamente como este outro RPG aqui.

Outra mudança foi na loja do Forge onde você comprava os equipamentos. Nada de lojinha aqui, você simplesmente vende o equipamento que conseguiu e não quer, a partir do próprio menu do personagem, mas também não pode comprar nada, apenas acha os itens pelo chão quando você mata os chefes e sub-chefes das fases ou em alguns baús. Pegou aquela armadura poderosa do Thor e vendeu sem querer? Lamento mas esse tipo de erro não tem volta em Marvel Ultimate Alliance.

Quer mais uma mudança negativa? O jogo também traz aquelas missões paralelas quando você encontra CD-Roms espalhados pelas fases. Porém, ao contrário da série X-Men Legends, onde esses itens traziam cenários especiais para a Sala de Perigo ou lutas históricas dos mutantes que ajudavam a construir a rivalidade entre os personagens e traziam uma ambientação INCRÍVEL, como na primeira invasão da Mansão X pelo Fanático ou quando a segunda formação dos X-Men enfrentou os Sentinelas pela primeira vez e você tomava o controle na ação. Aqui essas missões “extras” são exatamente as fases por onde acabou de passar mas você terá que encarar com apenas um personagem. Uma decisão ridícula da equipe criativa, com tantas opções disponíveis e lutas clássicas para trazer à jogatina.

Não posso deixar de citar também mais uma adição que considero patética, mas sei que tem quem goste. Em todas as fases, você vai passar por certas batalhas onde em determinados momentos deve apertar botões na seqüência certa para que uma ação aconteça, no estilão daqueles jogos de dança. Acho essa “implementação” desnecessária em um game de ação, quebra o clima das batalhas e apenas traz mais frustrações quando você erra e tem que recomeçar toda uma luta do começo.

A parte técnica é inferior à série dos mutantes. Fica aquela sensação que o jogo foi finalizado às pressas e deve ter sido mesmo se pensarmos no tempo de produção. Os cenários não são muito inspirados, totalmente reciclados de X-Men Legends e bem genéricos. A opção pelos locais de batalha também foi bem infeliz: você começa na Terra, vai para Asgard e depois, para meu desespero, vai parar no planeta dos Skrulls para voltar novamente a Terra. Eu já disse que odeio as sagas galácticas da Marvel? Não? Bom, então quero deixar isso bem claro.

Os mapas são longos e cansativos (alguns com vários caminhos alternativos que não levam a lugar algum, especialmente em Asgard), mas os personagens principais são bem detalhados e com várias animações próprias. Além disso, para os adeptos do PC, o jogo não é pesado e roda com os detalhes no máximo em uma máquina modesta o que deve atrair um maior número de jogadores.

A trilha sonora é bem fraquinha e nenhuma música chega a chamar a atenção. Em compensação, todos os personagens têm suas próprias falas (algumas bem legais). Os demais efeitos sonoros também vieram diretamente dos jogos dos Mutantes.

Para complementar, temos um sério problema com bugs na versão PC. Portas que não abriam, poderes que não saíam em momentos cruciais, travas na jogabilidade e erros infantis de programação. Minha preocupação são as versões para console. No caso do PC, sempre temos a possibilidade de patches de correção, mas e no Playstation 2? Algum delfonauta pode dar alguma luz se temos também esses problemas nas versões de videogame?

Mesmo com tantos problemas e péssimas escolhas, Marvel Ultimate Alliance merece uma jogada e consegue trazer uma certa dose de diversão, mas é daqueles jogos onde você acaba uma vez para nunca mais pegar novamente. Uma pena, os heróis da Marvel (e seus fãs) mereciam uma melhor experiência.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
marvel-ultimate-allianceAno: 2006<br> Gênero: RPG Hack ´n´ Slash<br> Plataforma: Playstation 2, XBox 360, Wii, Playstation 3, X-Box, PSP, PC e GBA.<br> Fabricante: Raven Software<br> Versao: PC<br> Distribuidor: Activision<br>