O Justiceiro

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“Informamos que o título O Justiceiro (The Punisher) não será mais lançado nos cinemas brasileiros”. Essa foi exatamente a mensagem enviada pela Columbia Pictures para a imprensa no dia 20 de setembro do ano passado. Assim mesmo, sem nenhuma explicação nem nada. Para nós, que vemos de fora, cabe apenas especular. Essa decisão se deve ao fraco desempenho do filme nos EUA? Se deve à parca bilheteria de Hellboy na nossa terrinha? Ou seria simplesmente um desrespeito aos milhares de fãs de Frank Castle no Brasil? Bom, como o DELFOS não poderia deixar nosso público no vácuo, demos um jeito de assistir ao filme e trazer nossa resenha em primeira mão, só para você. O filme está prestes a ser lançado em DVD aqui no Brasil, então você pode ler essa resenha antes para decidir se compra ou só aluga o disquinho.

Admito que minhas expectativas para este filme eram altíssimas. Afinal, o Justiceiro é um herói diferente e não exige os efeitos especiais de um filme como Homem-Aranha. Na verdade, um bom filme do Justiceiro seria mais ou menos como um bom policial, gênero que Hollywood já está bem acostumado a fazer. Bom, quanto maior a expectativa, maior o tombo e realmente este filme deixou muito a dever.

Para quem não conhece a história (ou para quem conhece e gosta de relembrar), Frank Castle é um policial que tem a família assassinada. Como uma Fênix, da morte vem o nascimento e assim nasce O Justiceiro, anti-herói que jura matar todos os criminosos que tiver oportunidade enquanto viver. No filme, o sadismo hollywoodiano aumenta o já impressionante massacre das HQs assassinando não só sua esposa e filhos, mas também mamãe, papai, irmãos, amigos e simplesmente todo mundo que ele conhecia. Tudo isso a pedido do inédito vilão Howard Saint (John Travolta) que nada mais é do que um Rei do Crime (o vilão que aparece no filme do Demolidor) magro e sem o mesmo carisma.

Ora, para quê criar um vilão novo para o filme se poderiam simplesmente ter usado o Rei do Crime e começar a criar uma espécie de universo Marvel cinematográfico? Que falta de visão! Até porque o Rei é um vilão que poderia aparecer em vários filmes, como Homem-Aranha ou muitos outros que ainda virão. Nada contra Travolta, mas é bem mais legal ver no cinema um vilão conhecido. Principalmente se for um vilão da estirpe do Rei.

Thomas Jane está perfeito no papel de Frank Castle. Sinceramente, não consigo imaginar um Justiceiro mais parecido com o dos quadrinhos. Tanto no visual, como na atuação e frases de efeito. E pelas entrevistas que o cara deu, parece que ele realmente curte o personagem. O cara vai até escrever algumas histórias do Justiceiro no gibi (bizarro, não?).

Mas então o que torna o filme ruim? Bão… para ilustrar meu ponto de vista, deixe-me contar uma cena protagonizada por Castle no gibi algum tempo atrás: na cadeia (sim, ele estava preso), durante uma refeição, Frank ouve um indivíduo comentar que foi preso enquanto tentava estuprar uma guria, mas que assim que ele saísse, voltaria lá para terminar o serviço. Sem hesitar, nosso herói mata o cara usando apenas um talher. Ao ser questionado sobre o motivo do assassinato, Castle exclama: “Ele apenas deixou claro que não era mais necessário nesse mundo!”.

Contei essa cena para tentar mostrar para quem não conhece um pouco da personalidade do Justiceiro, um cara que mata sem dó e com muito sadismo todos os criminosos. Pois no filme, talvez para diminuir a censura, decidiram limitar este sadismo e violência de tal forma que nem parece ser um filme do Justiceiro. Poxa, ele simplesmente mata muitíssimo pouca gente no filme inteiro. E devia matar muito mais. E com muito mais violência. Justiceiro é um personagem cujo longa tem que ser para maiores de 18 anos mesmo. Por que se não for é apenas mais um filmezinho policial como qualquer outro. Outra coisa decepcionante é que o famoso uniforme com a caveira no peito quase não aparece no filme (seguindo o exemplo do primeiro filme do personagem, sobre o qual você vai ler no próximo parágrafo), já que Frank normalmente aparece com roupas comuns.

Em 1989 foi realizado um outro filme do herói, protagonizado pelo He-man Dolph Lundgren, que teve suas madeixas pintadas de preto para ficar mais parecido com o Justiceiro. Embora tenha assistido a essa versão anterior há muuuuuuito tempo atrás, me lembro de ter gostado dela. Talvez isso mudasse caso a assistisse hoje, mas na minha lembrança, ela parece ser uma rendição mais apropriada deste que talvez seja o personagem mais truculento da Marvel Comics.

O DVD de O Justiceiro está programado para sair no Brasil em fevereiro de 2005. Nos States, embora tenha tido uma fraca recepção nas bilheterias, o DVD vendeu pra dedéu, encorajando a Columbia a fazer uma continuação, que está próxima de ser aprovada.