Uma Nova Chance para Amar

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Como todo macho que se preza, eu acho filmes românticos, salvo raras e excelentes exceções, um saco. São tão melosos que é arriscado desenvolver diabetes. Mas nem só de explosões vive o cinema e de vez em quando a obrigação profissional pede que um filme mais mariquinha seja visto. E muito de vez em quando, algumas dessas películas românticas conseguem surpreender, como é o caso deste Uma Nova Chance para Amar.

Isso porque ele tem um tom bem diferente da maioria do estilo. Sim, não deixa de ser uma história romântica, mas completamente errada, condenada desde o começo e com um tom bastante mórbido. E assim que eu apresentar a sinopse você saberá o motivo.

Nikki é uma viúva que, mesmo cinco anos após a morte do marido, ainda sofre por não conseguir superar sua perda e a paixão por ele. Eis que um dia ela avista por acaso um truta, Tom, que é idêntico ao falecido. Não dá outra, ela “stalkeia” o cara e acaba descolando um namoro com ele sem que este faça a menor ideia de que ele é basicamente um duplo do apresuntado marido de Nikki.

Viu como isso é errado? É tão eca que ela até esconde o cara da própria filha e de seu vizinho e amigo, que por acaso é o Robin Williams, pois sabe exatamente o que eles diriam se deparassem com o sósia e o que eles diriam não seria nada agradável de ouvir.

E essa história é justamente o que o filme tem de mais legal, pois ele é de fato levado como um romance, embora nunca deixe o espectador esquecer de que se trata de um relacionamento bem egoísta da parte de Nikki, que usa o cara como um substituto, uma cópia de sua verdadeira paixão, chegando ao limite do desequilíbrio.

E o pior é que o cara é gente boa e se apaixona de verdade por Nikki, sem fazer ideia de seu segredinho sujo, embora eventualmente ele comece a desconfiar do comportamento errático dela.

Além de ser completamente centrado na história, que é o que tem de mais interessante, outro ponto positivo é a atuação do casal de protagonistas Anette Bening e Ed Harris, que obviamente interpreta tanto Tom quanto o marido em flashbacks. São eles que conduzem toda a narrativa e ditam seu ritmo, e o fazem muito bem.

No mais, Uma Nova Chance para Amar é um filme pequeno, que foge do convencional e não é exatamente o que se espera de uma trama romântica. Por conta disso, pode ser que frustre alguns casais apaixonados em busca de um programa para uma noite de fim de semana. Mas para quem gosta de histórias de amor que fujam do padrão sacarina de Hollywood, vale uma conferida.

NOTA:

Escrevi essa resenha no dia 11 de agosto, mesma data da morte de Robin Williams. Só fiquei sabendo do ocorrido algumas horas depois de concluir o texto e devo admitir que, além de bastante triste, também fiquei bem chocado com a mórbida coincidência. Apesar de estar em baixa na carreira nos últimos anos, o ator e comediante estrelou uma penca de ótimos filmes que marcaram minha infância, adolescência e início da vida adulta (assim como, creio, de um monte de gente) e seu incrível talento tanto para a comédia quanto para papéis mais sensíveis e dramáticos será sentida.

Contudo, vale ressaltar que este não é seu último filme e até o ano que vem seu trabalho poderá ser conferido em mais três longas ainda a estrear: Merry Friggin’ Christmas, Uma Noite no Museu 3 (com previsão de estreia no Brasil para 1º de janeiro de 2015) e Absolutely Anything, filme escrito e dirigido pelo Monty Python Terry Jones, onde Williams dubla um cachorro. E para não terminar esta resenha na depressão, eis abaixo um vídeo de Robin Williams em uma apresentação de comédia stand up contando um monte de piadas politicamente incorretas sobre drogas:

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Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
uma-nova-chance-para-amarPaís: EUA<br> Ano: 2013<br> Gênero: Drama/Romance<br> Duração: 92 minutos<br> Roteiro: Matthew McDuffie e Arie Posin<br> Elenco: Annette Bening, Ed Harris, Robin Williams e Amy Brenneman.<br> Diretor: Arie Posin<br> Distribuidor: California Filmes<br>