Scoop – O Grande Furo

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Woody Allen, aquele sujeito baixinho, de óculos e tão neurótico quanto talentoso, resolveu mudar de ares. Com dificuldades cada vez maiores para conseguir financiamento para rodar seus filmes em sua tão adorada Nova Iorque, resolveu ir onde o dinheiro está e realizou dois filmes em Londres.

O primeiro foi Match Point, drama muito elogiado pela crítica (mas que eu não achei tudo isso), que chegou aos nossos cinemas no começo do ano passado. O segundo é este Scoop – O Grande Furo, que chega agora às nossas telinhas e marca a volta do diretor ao que ele faz melhor: as comédias.

E o filme já começa surreal. O recém-falecido repórter Joe Strombel (Ian McShane, da série Deadwood) descobre já no pós-vida um possível e suculento furo de reportagem (daí o scoop do título, gíria da língua inglesa para essa coisa tão perseguida pelos jornalistas, o chamado furo – de reportagem, ô mente suja!). Ele dá um jeito de se materializar em Londres e passa a dica para a estudante de jornalismo Sondra Pransky (Scarlett Johansson, de Dália Negra) no momento em que ela participa de um truque de ilusionismo do mágico Splendini (Woody Allen).

O lance é o seguinte, Peter Lyman (Hugh Jackman, visto pela última vez em Fonte da Vida), membro de uma tradicionalíssima família da aristocracia britânica, pode ser o serial killer conhecido como o Assassino da Carta de Tarô, que tem matado mulheres por toda Londres. Então, Sondra e Splendini se passam por pai e filha e se aproximam de Lyman para tentar averiguar a história e garantir ao finado Strombel uma última grande matéria. Só que a moça acaba não resistindo ao charme do Wolverine, e aí… bem, aí só no cinema, porque essa sinopse já ficou grande demais.

Como em todas as comédias de Allen, o humor está nos diálogos muito bem escritos, com algumas ótimas falas, como: “eu era da crença do judaísmo, mas me converti ao niilismo”.

Outro ponto forte das obras de Allen é o elenco, que aqui está afiado. Incluo aí o próprio Woody que, é verdade, sempre que atua, interpreta a si mesmo, mas seu carisma compensa esse fator. E a Scarlett Johansson de óculos ficou mais linda do que já é. Mulheres de óculos são legais…

O único problema é que embora o filme seja bom, para quem já conhece a obra do diretor ele fica meio genérico, apenas requentando situações já usadas em outros de seus filmes. Deve ser o preço a se pagar por fazer um filme por ano desde 1982. Alguma hora acaba caindo na repetição de temas e situações.

Em suma, para os fãs de Woody Allen que já viram todos os seus filmes, Scoop – O Grande Furo tem qualidade, mas é uma das obras menores em sua filmografia. Mesmo assim, e aí incluo a recomendação também a cinéfilos em geral, diverte e vale uma assistida.

REVER GERAL
Nota
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Alfredo De la Mancha
Alfredo é um dragão nerd que sonha em mostrar para todos que dragões vermelhos também podem ser gente boa. Tentou entrar no DELFOS como colunista, mas quando tinha um de seus textos rejeitados, soltava fogo no escritório inteiro, causando grandes prejuízos. Resolveu, então, aproveitar sua aparência fofinha para se tornar o mascote oficial do site.
scoop-o-grande-furoPaís: Reino Unido/EUA<br> Ano: 2006<br> Gênero: Comédia<br> Duração: 96 minutos<br> Roteiro: Woody Allen<br> Diretor: Woody Allen<br> Distribuidor: California Filmes<br>